domingo, 26 de julho de 2009

Artigo Simone

Arquitetura atual: arquitetura contemporânea

No espaço existente entre a arquitetura moderna e contemporânea, existe uma forte palavra: crítica. Enquanto a arquitetura moderna rompe com o passado - na medida que prega a construção de uma nova arquitetura mais racionalista e funcionalista, onde “Menos é mais”, como disse o arquiteto Mies Van der Rohe, e que rejeita a arquitetura anterior ao seu movimento por considerá-la uma devoção ao ornamento – a arquitetura contemporânea, mais nova, compõe suas características e estilos ao fazer uma crítica principalmente ao estilo internacional pregado pelos modernistas. Sendo assim, a arquitetura moderna se caracteriza pela procura da verdade, nega o ornamento, é de vanguarda, quer ignorar a tradição, a forma segue a função e a estrutura, é ortodoxa, pretende ser duradoura/internacional, cria seus próprios elementos formais entre outras características de destaque. Já a arquitetura contemporânea procura o efeito, usa o ornamento como um de seus elementos chaves, faz alusões a arquitetura do passado, é lúdica, quer ser discreta na paisagem, é para o mundo real e não ideal, mais do que fazer uma forma quer um formato.
Neste sentido, a arquitetura contemporânea possui muitas correntes, entre elas podemos destacar:
- High Teck: esta corrente se baseia nas possibilidades atuais da alta tecnologia criando um cenário por vezes futurista
Centro George Pompidou de Richard Rogers e Renzo Piano – Paris 1972 a 1976.
- Neo Organicista: faz referência a natureza e a estrutura, entretanto é indiferente com relação ao entorno. Procura enfatizar emoções e a tecnologia utilizada. Possui geralmente linhas irregulares e formas ousadas.

- Estruturalismo: A visão estruturalista começa com a constatação de que o todo é mais do que a soma de suas partes. Obedece uma disciplina geométrica e é ordenado de maneira hierarquizada, dando destaque ao elemento mais importante do conjunto.

- Neo Racionalismo: podemos dizer que este movimento, de forma geral, obedece regras de composição, usa a razão, coerência e lógica, é funcional, faz tratamento de superfícies e possui algumas referências do movimento moderno.

- Minimalismo: baseado nas formas geométricas puras e com uso do mínimo de ornamentos. Esta corrente é marcada pela frase de Mies Van der Rohe “Menos é mais”.

- Desconstrutivismo: Demonstra uma falta de equilíbrio aparente, falta de relação com o entorno, geralmente são edifícios escultóricos, projetados com ajuda de sofware.


Além das correntes, a arquitetura contemporânea possui elementos caracterizadores como, por exemplo, a marcação de topo e base, tratamento de superfícies, tratamento de sacadas, arquitetura virtual e tratamento de empenas.
A marcação de topo e base é baseada na arquitetura do passado e agrega identidade própria ao edifício além de dar um efeito de acabamento e marcar o acesso. Esta marcação pode ser lida como uma crítica à arquitetura moderna que não a fazia, dando uma leitura indefinida do acesso e deixando a forma mais pura.
O tratamento de superfícies por sua vez pode ser tanto ao uso de cor como de textura, gerando a imagem em alta definição, ou seja, com bons acabamentos e detalhes. A cor na maioria das vezes não é saturada e a textura pode esconder a verdade do material porque importa o efeito que será gerado, diferente do modernismo caracterizado pela verdade dos materiais e uso da cor branca.
As sacadas na arquitetura contemporânea não são volumes deslocados do volume total do edifício. Muito pelo contrário, as sacadas fazem parte da volumetria dando unidade ao todo do edifício, favorecendo a visualização do edifício em si e depois de seus elementos, diferente do modernismo.
A arquitetura virtual por sua vez mostra elementos inseridos na composição do edifício para conferir efeitos, porém estes elementos inseridos são vistos como desnecessários pelos modernistas, na medida que exigem por vezes estruturação e corpos com fins somente estéticos. Segundo a professora Lígia Chiarelli “Arquitetura virtual é o nome que se dá a efeitos introduzidos na arquitetura contemporânea que confere aos edifícios, características de cenário. Este elemento é uma forte expressão da marca “lúdica” encontrada na atualidade, que transforma a arquitetura num jogo, propondo uma interação com o usuário. Em geral esses efeitos são utilizados para “completar” a forma, recriar simetrias, atenuar diferenças, recompor ritmos, criar hierarquias.”
Por conseguinte, o tratamento das empenas tem por objetivo evitar as conhecidas fachadas cegas, ou seja, os grandes paredões sem tratamentos estéticos que a cidade moderna permitia. Já nos dias atuais, a arquitetura procura o uso de molduras e/ou grafismos para ajudar na composição e leitura das outras fachadas do edifício além de possibilitar uma visão mais bonita da empena.
Para finalizar, a arquitetura contemporânea não é uma arquitetura com elementos já definidos. Ela está acontecendo e se modificando. Nesta reportagem, foi possível demonstrar um pouco da arquitetura dos dias atuais. Entretanto, é nítido que em algumas cidades está arquitetura está mais avançada e em outras, mais resistentes, a arquitetura contemporânea ainda pode ser interpretada como uma mistura das novas correntes com a arquitetura moderna. Neste sentido, a arquitetura contemporânea de Pelotas ainda é restrita a alguns exemplares que adotaram tanto correntes e/ou elementos caracterizadores da arquitetura contemporânea. Entretanto, a qualidade dessa arquitetura em Pelotas ainda é de baixa qualidade comparando com outros cenários brasileiros e mundiais. Além dos poucos exemplares contemporâneos, as características modernas ainda aparecem fortes nos prédios produzidos atualmente. Sendo assim, a arquitetura contemporânea pelotense pode ser considerada tardia.

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