domingo, 26 de julho de 2009

Artigo César

Arquitetura Contemporânea
Visão Geral

Substituindo a arquitetura moderna, a arquitetura contemporânea busca uma conexão com a arquitetura do passado, pois a primeira rompeu totalmente com esta última, com inovações como terraço jardim, planta livre, janela contínua, grandes panos de vidros, edifício sobre pilotis que foram utilizadas massivamente. Estes princípios acabaram fazendo com que a arquitetura virasse uma “receita de bolo” aplicada internacionalmente sem respeito com a cidade antiga, o clima e a cultura do local.
A arquitetura contemporânea é caracterizada, também, por ser bastante vasta no que corresponde as suas possibilidades ao compararmos a mesma com a arquitetura moderna ou outra arquitetura do passado. Existem correntes que buscam uma continuidade com a arquitetura moderna, com a utilização de formas bastantes puras, outras mais orgânicas ou complexas como as do campo das lúdico-formalistas, outras recuperando elementos da arquitetura do passado, relacionadas a princípios de sustentabilidade, etc. Dentre várias correntes, menciono as seguintes:
Neo-Racionalista – a continuidade da arquitetura moderna, no que diz respeito ao seu purismo formal, com elementos de topo e base, dividindo a edificação em base, corpo e topo ou como um único elemento que vai do topo até a base marcando o acesso principal, geralmente, e, também, trabalha com a cor e texturas;
Neo-Organicista – uma variável da tendência organicista presente mais no final da arquitetura moderna, com uma expressão geralmente inspirada na anatomia dos seres vivos, nas estruturas corporais, às vezes com curvas que remetem às peculiaridades do entorno, apesar de não ser este o principal objetivo;
Neo-Ecletismo – corrente que busca mais claramente conexões com as arquiteturas do passado, utilizando releituras de elementos de outras arquiteturas, outras vezes, simplesmente cópias de tais elementos, seguidamente misturados com outros resultando numa colagem sem nenhum critério justificativo;
Arquitetura Lúdica – corrente que mais claramente brinca com o observador, buscando uma interação e utilizando muito da fantasia para a composição da obra, às vezes, caindo na infelicidade de utilizar a cópia de um objeto aumentada, o que acaba no final denegrindo o objetivo inicial de brincar com o observador de uma maneira não tão irônica, nem tão óbvia;
High-Tech – corrente que utiliza a alta tecnologia empregada. Ao invés de se inspirar no passado como a neo-eclética, remete ao futuro, buscando um ideal de empregar tecnologias de ponta para testar as possibilidades da forma e inovações da ciência;
Estruturalismo – corrente que é caracterizada por apresentar vários volumes conectados entre si de forma hierárquica; volumes estes que são diferenciados uns dos outros pelo tamanho, forma, cor, etc.

Elementos Caracterizadores da Arquitetura Contemporânea

Além da classificação de uma obra através das correntes, o que leva a uma rotulação, às vezes, simplificada e, muitas vezes, pessoal, existem os elementos que caracterizam uma arquitetura contemporânea; elementos que podem ser presentes também na arquitetura moderna, mas que se diferenciam pela maneira de como são empregados entre as duas épocas. Exemplifico os seguintes elementos:
Sacadas: na arquitetura moderna geralmente eram facilmente identificadas, separadas entre si e “coladas” no edifício, expressando uma simples adição; na arquitetura contemporânea, não são tão facilmente percebidas pelo observador, podendo ter características de agrupamento num único volume, dar ritmo às fachadas quebrando regularidades, reforçar o acesso principal, etc;
Platibandas: na arquitetura moderna eram simplesmente o acabamento coroado com a última viga, geralmente representadas por uma espessura maior do que as outras vigas visíveis dos pavimentos abaixo; na arquitetura contemporânea ganham diversos papéis, como marcar o acesso principal, adquirir ramificações que podem ir do topo até a base para quebrar o horizontal versus o vertical e vice-versa, etc.
Plano horizontal – na arquitetura moderna era predominante o plano horizontal único, na arquitetura contemporânea podem existir diversos planos horizontais que possibilitam diferenças de altura e, portanto, maior riqueza no volume;
Plano vertical – na arquitetura moderna caracterizado, em sua maioria, por um plano bidimensional único, na arquitetura contemporânea, as variações de profundidade nesse plano permitem um jogo de volumes mais agradável e volumes trabalhados com cores ou texturas diferentes;
Cor – a utilização da cor na arquitetura moderna era, generalizadamente, inexistente, o que tornava os edifícios um tanto áridos. Com o aprofundamento do estudo da cor, dos efeitos que ela provoca no observador, abriu-se o caminho para sua inserção na arquitetura contemporânea, na qual a cor serve como um dos princípios mais básicos, pois ajuda na diferenciação de volumes, marcações de acesso, agrupamento de esquadrias de determinados tamanhos, etc.

Arquitetura Contemporânea em Pelotas

Identifico a arquitetura contemporânea em Pelotas como majoritariamente das correntes neo-racionalista e neo-eclética. A primeira, em maior profusão, é a diferenciação mais simples da arquitetura moderna, observada, muitas vezes, com um tratamento de cor e superfície diferenciado, com a utilização de elementos de topo e base, marcação de acesso, etc. A segunda, geralmente utilizada com releitura de elementos de outras arquiteturas simplificados em sua geometria, se encaixa bem com o entorno da arquitetura do passado, principalmente com a protomoderna pela já simplificação desses elementos que havia ocorrido nesta arquitetura.

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